segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Experimenta
Acordar às 5 de uma manhã sem dormir
E compreenderes que aquela noite não foi sonho

Teve o meu beijo no teu
O teu corpo no meu

Teve um mundo a acabar
E outros a começarem

Teve aquele desejo


Faço entender-me?

terça-feira, 22 de abril de 2014

Tenho o mundo nas mãos
Seguro-o, ora com uma, ora com outra,
Atiro-o ao ar

[O mundo não gosta de brincadeiras!]

E vejo-o dar voltas e voltas
E vejo-me no lugar de onde julguei partir
Voltas e voltas até chegar ao lugar de origem

Dizes-me que,
Se atirei o mundo ao ar é coroa
Sou rainha!?

Nesse instante é como se voltasse a segura-lo nas mãos
Sem nada ter partido
Feliz

Acrescentas, a brincar

Pudesse eu ter-te amado “a brincar”
Mas não foi de essa forma
Foi de verdade
Além do que mereces

Aquele mundo que atirei ao ar
Ficou por lá
Suspenso

sábado, 29 de março de 2014

Ele e Ela tinham por hábito sair para um café. A conversa fluía e terminado o café ficavam para um copo enquanto discutiam o estado do país (haverá tema mais apaixonante?!), a nova música que ele produziu ou a última viagem dela à terra dos avós. E passavam horas, minutos e segundos que caso eles fossem inquiridos afirmariam, com convicção, não ter passado. Mas o relógio não mente e a dada altura exibia o princípio do amanhecer. Ele vestia o casaco, Ela dirigia-se ao balcão para pagar e saíam. Caminhavam lado a lado enquanto o passeio permitia e Ela à frente quando tal não era possível. Sorriam.
Param naquela esquina em que deveriam seguir direcções opostas. Ele pergunta-lhe:
- Partilhamos um cigarro?
Ela raramente fuma, mas acede. E enquanto passam o cigarro de mão em mão, cria-se um tempo.
- És tão bonita! – murmura Ele. Acrescentando,
- Por fora e nesse teu dentro…
- Fala o homem com a namorada mais invejada no nosso grupo de amigos! – murmura Ela, sorrindo.
- A qual não trocaria por mais fascínio que exerças sobre mim. – afirma Ele.
- Explica lá isso? – questiona Ela com o à-vontade dos muito próximos.
- Acho que gostaria demasiado de ti, numa medida que seria difícil corresponderes. Gostarias sempre menos um pouco do que eu de ti… acho!
O cigarro acabou e despediram-se com aquele beijo de todas as noites. E, já de costas voltadas, Ela sorriu e Ele*.

*Nas relações há sempre alguém que ama e alguém que é amado. Nunca na mesma medida. Quando somos amados o “poder” é nosso. Alguém atira o seu mundo ao ar por nós. Quando amamos o “poder” não é nosso. Atiramos o nosso mundo ao ar por alguém. Vale a pena amar desta última forma? Vale. É correr o risco de vir a amar na mesma medida. Na medida inteira! Afinal “o amor é uma doença,/Quando nele julgamos ver a nossa cura!”

segunda-feira, 17 de março de 2014

Chego
Onde os campos são verdes
As casas são de pedra
E o ruído é feito de vento a abraçar árvores
E pássaros livres

Sento-me no chão da minha casa de infância
[Onde nunca vivi!]

O sol beija-me os pés descalços
As pestanas reclamam a noite não dormida
Mas, nada importa

A paz
De saber que por mais voltas que dê
Há lugares a que pertenço
É não traduzível por palavras

[Onde todos os sonhos de olhos abertos
Podem tornar-se reais]

segunda-feira, 3 de março de 2014

Hoje,
Sou silêncio

Penso em dizer-te tanto
Que quando dito nada é

E agora?

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

É noite
Dentro e fora

Não existe terra ou mar
À vista

Sonho ilhas que quando piso
Desaparecem

Matará isto a vontade em mim?
Jamais
A tudo persigo por inteiro

Não paro
Não sou daqui
Sou de ir, partir o que conheço de mim e ir
Todos os dias desfaço o que sou
Construo-me
[Não desisto do meu melhor]

É fácil o que descrevo?
Não, quando consciente

É um aperto no peito
Sentir a vida e a morte num só momento

Dói?
Mentira! Dói muito
Mas não mata para sempre!