sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

As personagens que interpreto


Serial Killer
O turno chegou ao fim… Termino de passar aos meus colegas a minha última puérpera e respectivo recém-nascido. Despeço-me de todos desejando um bom trabalho. Só volto na tarde de domingo. Subo de piso e dirijo-me ao vestiário para despir a farda. Cumprimento todos os que se cruzam comigo e desejam um bom-dia… Quando só quero que seja um bom final de noite! Desço escadas e mais escadas… Faço a biometria… Saio da maternidade com a sensação de que fiz o melhor que sabia e não consegui ser perfeita. Caminho até casa. Chego à porta do meu prédio e procuro as chaves. Meto a mão dentro da mala e procuro algo metálico. Aproxima-se um vizinho de mão dada com uma criança (Talvez se tenha esquecido de algo em casa?). Eu, vitoriosa, tiro a mão da mala… Trago uma tesoura na mesma. O meu vizinho puxa a criança para si e apresenta uma expressão atemorizada. Imagino que pensa: Partilho o prédio com uma serial killer!




Cleptomaníaca
Tarde de sábado. Matámos o tempo que falta para o jantar a divagar pelo Ikea. Logo à entrada encontro um peluche enorme: um elefante. Faço fitas e mais fitas com o intuito que o comprem… 100 resultado. Ainda caminho com ele durante 15 minutos até o abandonar. Já no armazém vejo outro elefante com a cabeça enfiada num balde. Ignoro o restante cenário e seguro nele triunfante… Até perceber: o balde está dentro de um carrinho de compras (um carrinho de compras esquisito, mas carrinho de compras!) e ao lado está a futura dona a esclarecer-se junto de um funcionário… Os dois ficaram estupefactos! Imagino que pensam: É uma cleptomaníaca!



Anjo branco
São horas de dormir... A menos que seja recém-nascido e ainda não tenha tido tempo de comprar um relógio ou seja enfermeira e esteja a fazer o turno da noite. Sim, são 3h da madrugada e tenho uma mãe exausta e um bebé que terminou de mamar, choroso. Apercebo-me que fica mais calmo quando o seguro no colo e faço compressão com as perninhas dele na barriguinha (sim, são perninhas e barriguinha!). Faço-lhe uma massagem abdominal enquanto faço o respectivo ensino à mãe, que surte efeito (como gostamos de escrever). Passam 10 minutos e aquele bebé adormece assim como a mãe. São 7h e aquela mãe está a amamentar. Pergunto-lhe se conseguiu descansar. Responde-me que dormiram até às 6h30 e acrescenta: A menina Enfermeira é um anjo… um anjo branco!
Ultimamente fazem-me com frequência a mesma questão: És assim?
Ao que respondo: Assim e muito mais!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011





E vejo-me
Tão real, nítida, presente
Quase feliz!

E duvido da inexistência de Deus
Quase Feliz!

Hoje o amanhã é cedo demais!

A noite beija-me o corpo
Permitindo-me estar mais perto do universo

Acorda-me os sentidos
As pequenas e as grandes memórias
A mente
[Que me mente!]

E, mais uma vez,
Dás-me ½ beijo

Vejo-me estática
A sentir-te mulher
Sendo, também, mulher

A mente
[Que não me mente!]

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011





[……………………….
………………………..
……………………….]

O poema mais sublime da minha obra
É o que escrevo 100 palavras
E encerra tudo o que vi

Escrever
É catarse pessoal
Cara

Compensará o que escrevo
O que deixo de (vi)ver?