quinta-feira, 20 de maio de 2010


Um dia
Escreverei 100 palavras

Concretizarei a quimera do Poeta

E, nascerá uma obra
De imagens. Sons. Esculturas.

Um dia.
Jamais num só dia.
Nem em 7!

Hoje
Serve-me o café que guardavas para
Amanhã

Hoje
Desperta-me dos sonhos que tenho acordada sobre o
Amanhã

Hoje
Beija-me a face após cada lágrima. Não esperes o
Amanhã

Hoje
Toda a nossa existência será diferente de
Amanhã

Hoje
Sê TUDO.

terça-feira, 11 de maio de 2010


Numa dessas viagens de comboio que faço observei um jovem… Cabelo quase rapado, traços bonitos, olhos verdes a combinar com a farda que ostentava com orgulho, olhar compenetrado… Estudava uma pequena lição impressa num caderno. Estudava com motivação… Lendo, pausando, olhando o longe e, adivinho, que repetindo a mensagem… Talvez memorizando-a para mais tarde, na sua voz agradável, a dizer bem alto. Curiosa… Espreitei disfarçadamente o alvo da sua leitura. Uma vez… Duas… Talvez, mesmo três. Eis que li o que transcrevo: “O Paraquedista não fala muito, fala do que sabe. As mulheres falam muito, os Homens actuam. A indiscrição pode causar a morte.”
Resta-me dizer que existem Pessoas que já nascem mortas. E outras tantas que ao copiar as primeiras se tornam vivos mortos.

Diário de bordo
Férias 2008

1 dia era Julho
Estava exausta
Foram tantos os dias até esse
Tantos os abandonos que realizei de mim
Imperava… Descansar

1 dia era vinte e alguns de Julho
Após a entrega
Distância
E restava viver a verdade
Do 2 voltar a ser 1

1 dia era fim de Julho
Regresso à origem, Terra
À casa
À família de pessoas
Limpeza

1 dia era Agosto
Acolhimento dos Franceses
Familiares distantes e sanguinamente próximos
E passaram dias
De barulho matinal
Almoço sempre às 12.30h
Café às 14.00h
Tarde em jogo ou a conduzir… os Franceses
Fim de tarde a jantar
Jantar às 19h
Café às 20h
Televisão às 23.30h
Saída tarde (de tão noite)
Dormir tardíssimo (de quase manhã)
[Ps. E louça, muita louça a lavar…]

1 dia era 19 de Agosto
Partem os Franceses
Viagem a Coimbra
É tempo de cozinhar arroz de marisco, Cartola, Baixa
No regresso leitão, volta a Portugal de bicicleta,
E, ainda, exaltação, subida à Torre dos Clérigos, Vila Verde.
Regresso à casa paterna

1 dia era fim de Agosto
Saudades de Coimbra
Onde sou Princesa

E viveu-se Coimbra
Figueira da Foz em praia
Aveiro em BUGA
E, novamente, Coimbra
Em limpeza

1 dia era Setembro
Ruma-se a Castelo Branco tórrido
Tarde no Marão em pedra
Dia em Marão, Portalegre, no “rodeo” alentejano
Depois Lisboa
E… elevador de Santa Justa, deriva em autocarro,
Fado, tristeza, perdida, dormir, compras…
Regresso a Coimbra, Porto, Paranhos

1 dia era 11 de Setembro
Esse dia é hoje.

Os teus cabelos brancos
São fios de vida

Os teus olhos
Janelas de vários mundos

As tuas rugas
Memórias grafadas

O teu sorriso
Amor
A guardar…

Lembra-te,

Ser IDOSO
Não é o final da caminhada,
É o caminho!

sábado, 8 de maio de 2010


Hoje,
Qual Sisífo,
Atingi o cume da montanha.

Na algibeira
Trago-me.
Um pequeno rochedo,
Para ofertar aos Deuses.

Sei,
Agora,
Ser possível encontrar-me
Em pequenas pedras!

Eu
Poetisa dos sentidos
Não sei escrever Amor.

Escrever Amor é ridículo!,
Afirma Pessoa Poeta.

Não crês?

Então, explica-me
Porque AMO O MUNDO
E não consigo escreve-lo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010


Oh, Helena
Presente dos sonhos passados.

Quero dizer-te
Que permaneces-te essência dos sonhos presentes
Acompanhas-me.

O teu “Rezo para que sejas tu, para que sejas feliz.”
É oxigénio em apneias.

Tu constituis-me.

Sei
Que todos os passos que der
Não serão suficientes
Para dissociar-me de Ti.

Foste, És e Serás
Parte da alma que sou.

És, ainda, a Musa Humana
Eterna PROFESSORA de vida

quinta-feira, 6 de maio de 2010




Mãe

Se regressares
Não faças barulho ao procurares a chave da porta

Não a deixes aberta
Ou bater com o vento

Não tropeces nos tapetes novos
Ou na mobília que desconheces

Não acendas a luz de todas as divisões
Ou a deixes acesa quando desnecessária

Não ouses gritar de uma qualquer parte
- Cheguei!

Mas,
Eu sei que não regressarás.
Porque eu jamais conseguirei deixar(-te)!

Ciência,
Obra de um Deus austero,
Limitadora da criação dos Homens.

Porém, verdade
Após séculos de camuflagem.

Ainda,
Imaginação escrava da inteligência.

Repleta de mudança
Mudas o Mundo
E, por vezes, o Homem!

[O Tempo galopa
A par do cavalo castanho]

Os novos partem
Os campos deixam de ser cultivados
Os velhos morrem
As casas são abandonadas

[Sobrevive-se do que se foi
Com receio do que se poderá ser]

Mas,
A minha Aldeia permanece
Daqueles que acreditam
Na sua origem

Eu também parti.
Incorporei localidades soberbas
Incapazes de preencher os meus sentidos

Por isso,
REGRESSO.
Sento-me no seu único café
Vejo a vida galopar
E, sinto-me FELIZ

Aqui,
Sou Livre,
Mulher,
Humana.

Sou paisagem dos que vêem,
Sendo observadora dos que passam.
Sou som dos que ouvem,
Aroma dos que cheiram,
Gosto dos que saboreiam,
Toque dos que palpam.
Sou sentidos!

O que almejo
E outros desejam!

Possuindo a Liberdade,
Em fúria,
Torno quimeras realidade.

Hoje, e apenas Hoje,
É possível
Alterar o Presente.

Desta escarpa,
Observo o Mundo
Do qual sou Parte
E Todo.
[Vejo-o à distância,
De tão perto!]

E, a Terra absorve
O olhar de viajante fatigada.
As habitações,
Qual moradias do Tempo,
Albergam passado, presente e incerto.
A música,
Creio ser cânticos de entrega.
Os caminhos,
Fonte de partida e terna chegada.

Regressarão todos os que partem?
Na memória.