Abro a porta de casa
Adivinho presentes as pessoas que amo
Não as procuro
Sei-as lá
Gostava de dizer
Que lhes senti a ausência
Que continuam a ser-me essenciais
Como tudo que amo
Não o faço
Ainda não tenho a chave da cela em que
me prendo
Digo palavras de circunstância
Faço gestos de circunstância
Sou, concerteza, resultado de
circunstâncias
Vou para o meu único quarto dos muitos
em que vivo
Incapazes de me pertencer por ausência
de passado
Pesa-me a Alma de sono
Resiste a Alma ao sono pela gana de revisitar
as memórias
Revisitar a memória impele-me a
escrever
Uma espécie de bálsamo para quem
deseja memórias brilhantes
E, leio textos de outrora
Vejo imagens de outrora
Quase que adivinho sons de outrora
Raiva de ver tudo tão presente e tudo
ser somente passado
Raiva dos sentidos que me traem
Raiva da consciência que não se deixa
trair
Raiva de Ti,
Deus
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